Um terço dos
brasileiros está no vermelho
Para 41% dos
consumidores juros estão mais altos e 43% usaram cartão crédito em junho. Um
terço dos brasileiros está no vermelho.
No último mês de junho, o número de consumidores que recorreram ao
crédito cresceu 3% na comparação com maio passado. Esse avanço reflete os
indícios de retomada do ambiente econômico no país. Dados da Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC
Brasil) revelam que o Indicador de Uso de Crédito atingiu 32,1 pontos — o maior
índice desde o início da série, em 2017, quando foi registrado 27,9 pontos.
Pela metodologia, o indicador varia de zero a 100, sendo que quanto mais
próximo de 100, maior o uso das modalidades; quanto mais distante, menor o uso.
Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, ainda há um
bom espaço para o crédito avançar. “Se confirmada a recuperação da economia, o
crédito entrará em um novo momento com o cadastro positivo, que deve impactar o
consumo das famílias em breve“, explica Pellizzaro Júnior.
Mesmo com o avanço recente, a sondagem constatou certa dificuldade na
obtenção de crédito. Dois em cada dez consumidores (21%) ouvidos tiveram o
acesso ao crédito negado em junho, principalmente por estarem com nome nos
cadastros de devedores (7%) ou por terem excedido o limite de crédito (3%). Em
contrapartida, 5% não souberam declarar qual o motivo.
Além disso, mais da metade (59%) mencionou que o financiamento
foi a modalidade mais difícil de obter aprovação no
período. Já 54% dos consumidores disseram ter tido algum tipo de dificuldade ao
buscar empréstimo, enquanto 40% citaram o crediário e outros 40% o cartão de
crédito.
Cartão de crédito continua sendo a modalidade
preferida dos brasileiros. Valor médio da fatura foi de R$ 912; 18% entraram no
rotativo
No total, 49% dos entrevistados utilizaram, ao menos, uma
modalidade de crédito no mês de junho, como empréstimos,
linhas de financiamento, crediários ou cartões de crédito. É o maior percentual
observado desde janeiro de 2017. Em contrapartida, pouco mais da metade (51%)
não recorreu a nenhuma modalidade no período. O cartão de
crédito segue liderando entre as demais modalidades, citado por 43%.
Em segundo lugar aparece o crediário (13%) e em terceiro, o cheque especial
(8%). Há ainda 8% de consumidores que fizeram empréstimos e 6% que contrataram
financiamento.
No caso do cartão de crédito, 18% entraram no rotativo em
junho. Os que honraram os compromissos em dia somam 81% dos entrevistados.
O valor médio da fatura foi de R$ 911,94, sendo que para
38% dos consumidores houve um aumento em relação a maio, para 37% foi mantido
um valor aproximado e para 22% aconteceu uma redução.
O levantamento mostra ainda que as despesas básicas foram as mais
realizadas com cartão de crédito: 69% dos entrevistados citaram compra de
alimentos, 52% gastos com remédios, 44% aquisição de roupas e calçados, 40%
despesas com combustíveis, 37% ida a bares e restaurantes. Outro destaque é o
crescimento das assinaturas de serviços, como streaming e revistas, que passou
de 15% em janeiro para 32% em junho.
O educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, alerta sobre uso do
cartão para a compra de itens essenciais. “A falta de disciplina no controle do
orçamento pode provocar uma desorganização e até levar o consumidor a entrar no
rotativo, com o crescimento exponencial da dívida”, comenta.
41% dos consumidores têm a percepção de que os juros
aumentaram; um terço dos brasileiros está no vermelho
Mesmo com o ciclo recente de queda dos juros, há uma percepção de alta
para quatro em cada dez (41%) consumidores. Por outro lado, 25% acreditam que
os juros continuam estáveis e apenas 2% acham que houve uma queda. Essa
sensação de alta deve-se ao fato de que os juros ainda permanecem muito
elevados, levando o consumidor à percepção de que eles estão sempre aumentando.
Quando questionados sobre a sua realidade financeira, 36% afirmaram
estar no zero a zero, ou seja, não sobra nem falta dinheiro. Já 33%
reconheceram estar no vermelho e 20% no azul. Entre os consumidores no
vermelho, a maior parte (43%) justifica ter se endividado em razão do aumento
de preços. Além disso, 24% explicam que tiveram diminuição na renda, 20%
perderam o emprego e outros 20% se depararam com um imprevisto. Ao longo de
julho, 52% dos consumidores desejavam reduzir seus gastos com relação ao mês
anterior.
Fonte/Texto: CDL-Campos dos Goytacazes