Prejuízos chegam a R$ 1,8 bilhão
Não receber
item comprado, produto ou serviço diferente das especificações da venda e
clonagem de cartão despontam como as fraudes mais comuns. Perda de tempo e burocracia
para provar que estão com a razão são principais dificuldade, avaliam vítimas.
Prejuízos gerados equivalem a R$ 1,8 bilhão.
Sejam consumidores, empresas
ou governos, as fraudes financeiras representam um risco para a segurança de
diversos setores da economia. E com o avanço tecnológico, as oportunidades e os
métodos para fraudar também vêm se tornando cada vez mais sofisticados,
causando danos financeiros em um número cada vez maior de pessoas. De acordo
com uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 46% dos
internautas brasileiros foram vítimas de algum tipo de golpe financeiro nos
12 meses anteriores ao estudo, o que equivale a um universo aproximado de 12,1
milhões de pessoas.
Prejuízos gerados pelas
fraudes equivalem a R$ 1,8 bilhão; quase um quarto das vítimas perdeu
documentos pessoais
Pouco mais da metade (51%)
dos entrevistados afirma ter sofrido algum prejuízo financeiro com a fraude,
sendo o valor médio do dano de R$ 478,00. A estimativa é de que
o prejuízo total decorrente de fraudes financeiras nos 12 meses anteriores à
pesquisa chegue a cerca de R$ 1,8 bilhão. Dentre os
fatos que antecederam a fraude, a pesquisa revela que os mais comuns
foram perda de documentos pessoais (24%), roubo, assalto ou furto (21%),
perda de cartão de débito ou crédito (18%) e fornecimento acidental de dados
pessoais para terceiros por telefone, e-mail, WhatsApp ou em sites (13%).
Considerando aqueles que
disseram ter fornecido acidentalmente dados pessoais ou cópias de documentos
pessoais para terceiros, 40% cadastraram seus dados em sites falsos de
promoção, 39% se inscreveram em suposta vaga de emprego, 22%
realizaram compra em site falso sem perceber, 21% receberam um contato
telefônico de uma pessoa se passando por funcionário da instituição financeira,
18% receberam notificação falsa para quitação de débito e 18% receberam falso
e-mail de banco ou empresa pedindo atualização de dados cadastrais ou
bancários.
Oito em cada dez consumidores
acreditam serem passíveis de algum tipo de fraude
Diante dessa vulnerabilidade,
as fraudes mais sofridas pelos entrevistados foram o não
recebimento de produto comprado (52%), compra de um produto ou
serviço diferente das informações especificadas pelo vendedor (42%), cartão de
crédito ou débito clonado (25%), contratação de serviços ou compra indevida de
itens usando documentos falsos, perdidos ou roubados da vítima (14%),
transações financeiras em conta bancária sem autorização (13%) e pagamento de
serviço não realizado (11%).
Entre os serviços contratados
e não realizados, 32% contrataram o serviço de falsa agência de
emprego, 24% de uma empresa de renegociação de dívidas, 22% de
organizadores de festas e 22% de limpeza de nome negativado.
Já para quem teve produtos ou
serviços adquiridos em seu nome, usado em documentos falsos, perdidos ou
roubados, as ações criminosas mais comuns foram a contratação de pacotes de
internet (29%), TV por assinatura (29%), linha de telefone celular (25%),
empréstimo (24%) e crediário (17%).
Dentre as principais
dificuldades enfrentadas para se proteger das fraudes estão o fato de não saberem
se um site é confiável e seguro para transações financeiras (53%),
não conseguir identificar se um boleto é verdadeiro (45%), buscar informações
sobre como os dados ficam guardados em empresas e órgãos públicos (39%) e não
compartilhar dados pessoais nas redes sociais (38%).
Por sua vez, as medidas mais
adotadas para se proteger e evitar novos golpes são: fazer compras somente em
locais confiáveis (43%), pesquisar sobre a reputação das lojas em sites de
reclamação e redes sociais (41%), não compartilhar dados pessoais nas redes
sociais (38%) e não responder a e-mails ou telefonemas que solicitam
informações pessoais como senhas, número de cartão ou de conta bancária (38%).
Perfil das vítimas: maioria
mora no Sudeste com idade média de 37 anos
As vítimas de fraudes
financeiras estão distribuídas quase que igualmente entre mulheres (53%) e homens
(47%). A média de idade de 37 anos. Considerando a renda
familiar, os entrevistados estão divididos em três intervalos principais: 23%
ganham de R$ 999,00 a R$ 1.996,00, outros 22% de R$ 2.995,00 a R$4.990,00 e
20,5% recebem de R$ 1.997,00 a R$ 2.994,00. Pouco menos
da metade reside no Sudeste (47%) e 23% estão no Nordeste.
Eletrônicos e vestuário
lideram o ranking de itens não recebidos. Marketplace é principal canal de
venda fraudulenta
Considerando os canais mais
comuns para a ocorrência de fraudes, destaca-se a liderança das
lojas online (54%). Na sequência aparecem os bancos (9%), as
lojas físicas pequenas (8%), as lojas físicas de grande porte (8%) e as
financeiras (6%).
Em relação ao não recebimento
de produtos comprados, os itens mais mencionados são eletrônicos (35%),
seguidos de roupas, calçados e acessórios (31%), cosméticos e perfumaria (13%),
eletrodomésticos (12%) e artigos infantis (9%). Nesse caso, os locais de compra
mais comuns onde ocorreram as fraudes de não recebimento das compras foram os
sites de lojas que vendem produtos diversos como marketplaces, lojas de pessoas
físicas online e produtos usados (67%), site próprio de vendas de uma loja
(28%), perfil de empresa em rede social (12%) e perfil pessoal em rede social
(10%).
Após vivenciar a fraude, 30%
tiveram o nome negativado e 52% relatam estresse
Três em cada dez vítimas
tiveram o nome negativado (30%) devido a fraude sofrida. Os problemas
decorrentes podem afetar o acesso ao crédito do consumidor, e até mesmo
ocasionar consequências emocionais e para a saúde.
Tendo em vista as demais
consequências, 52% relatam estresse, 24%
precisaram ajustar o orçamento para cobrir prejuízos, 23% perderam tempo
regularizando a situação na polícia e órgãos competentes e 16% falam em
depressão, ansiedade ou outros problemas psicológicos.
Segundo o levantamento, 34%
dos consumidores não recuperaram nenhum valor após
sofrerem algum tipo de fraude. Por outro lado, seis em cada dez (66%)
consumidores que tiveram perdas já conseguiram recuperar uma parte (34%) ou
todo o valor perdido (32%). A expectativa em relação à recuperação dos valores
perdidos é relatada por 53% das vítimas que não conseguiram resolver a
situação, sendo que 44% acreditam na recuperação do valor total. No
entanto, 47% já não têm esperanças de reaver a quantia.
Questionados sobre as
dificuldades enfrentadas para solucionar a fraude financeira, os entrevistados
mencionam a perda de tempo (45%), a burocracia para provar que
estavam com a razão (33%), a perda de dinheiro (30%) e o fato
de não saber a quem procurar para resolver a situação (27%). A pesquisa ainda
mostra que 80% tomaram alguma medida para resolver o problema, principalmente
procurar o banco ou a administradora do cartão de crédito (25%), negociar com a
empresa que causou a fraude para reaver valores ou reparar danos (23%) e
recorrer à polícia através de Boletim de Ocorrência (18%). A própria empresa
onde ocorreu a fraude foi a principal instância que contribuiu para resolver o
caso (32%), seguida dos órgãos de defesa do consumidor (20%) e da operadora do
cartão de crédito (19%).
Metodologia
A pesquisa ouviu 917 pessoas
residentes em todas as capitais do país, homens e mulheres, com idade igual ou
maior a 18 anos e de todas as classes sociais. Os dados foram levantados
em uma pesquisa conduzida pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas
(CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Fonte/Texto: CDL-Campos dos Goytacazes