Levantamento realizado nas 27
capitais
Para metade dos
entrevistados, desempenho da economia no período foi pior do que o esperado.
Ainda assim, 60% conseguiram manter pagamento das contas em dia. Maioria acha
que terá dificuldades de realizar algum projeto planejado para 2019 .
Embora quase metade dos brasileiros (44%) tenha começado o ano de 2019
com expectativas positivas em relação à economia do país para o primeiro
semestre, o desenrolar dos fatos só manteve o otimismo de 13%, que avaliaram o
período como acima do esperado. Enquanto isso, 49%
consideraram o desempenho pior quanto à perspectiva inicial.
A sensação de decepção pode ter origem no impacto gerado pela situação
macroeconômica do país nas finanças pessoais do brasileiro. Segundo
levantamento realizado nas 27 capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), três em
cada dez consumidores (30%) sentiram uma piora em sua situação financeira no
primeiro semestre do ano – em grande parte motivados pela alta dos preços (54%)
e pela diminuição da renda familiar (38%).
Isso explica por que sete em cada dez consumidores (69%) tiveram de
realizar cortes no orçamento no primeiro semestre de 2019,
enquanto 53% acabaram recorrendo a bicos e trabalhos adicionais para
complementar a renda. Outras situações comuns vivenciadas foram o desemprego
(do próprio ou de alguém da família), com 46% de citações, passar vários meses
no vermelho (45%) e ter o CPF negativado por não pagar alguma conta (34%). Há
ainda 33% que recorreram a um empréstimo para organizar o orçamento e 27% que
chegaram ao ponto de ter que vender bens para conseguir dinheiro.
Aperto no orçamento obrigou brasileiros a diminuir,
principalmente, as saídas e apostar mais em programas caseiros
A redução nas despesas teve impacto direto no lazer do brasileiro: seis em
cada dez (56%) dos entrevistados que tiveram que frear o consumo no primeiro semestre
afirmaram ter cortado as refeições fora de casa, enquanto 54% diminuíram as
idas a bares e casas noturnas, 51% deixaram de comprar roupas, calçados e
acessórios, 50% restringiram as viagens e 50% reduziram as idas ao cinema e ao
teatro.
Com o orçamento restrito, seis (59%) em cada dez brasileiros acreditam que
será mais difícil concretizar projetos planejados para
este ano, sendo a formação de uma reserva financeira (41%), realização de uma
grande viagem (34%), reforma a casa (34%) e compra deum carro (30%) os mais
afetados.
“Na hora de apertar o cinto, é natural que o consumidor acabe
priorizando o pagamento de despesas básicas e essenciais, como aluguel e contas
de luz e água, deixando os gastos considerados supérfluos em segundo plano. É
inevitável que os momentos de diversão fora de casa acabem comprometidos em
alguma medida”, pondera o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.
29% dos entrevistados acham que economia ainda não
retomou crescimento esperado. Para maioria, geração de empregos deve ser
prioridade do governo nos próximos quatro anos
Mas nem só de experiências negativas se fez o primeiro semestre de 2019:
apesar das adversidades, seis em cada dez (60%) entrevistados conseguiram
manter o pagamento das contas em dia, 35% conseguiram guardar dinheiro
e 30% ainda disseram ter chegado a realizar um sonho de consumo nesse período.
O maior controle sobre o orçamento doméstico reflete-se na percepção dos
otimistas quanto ao cenário do primeiro semestre do ano: três
em cada dez entrevistados (28%) acreditam que sua situação financeira melhorou durante
esse período, com aumento de nove pontos percentuais em relação ao ano
anterior. Para a maioria (39%), no entanto, tudo continua na mesma.
A pesquisa mostra ainda que três em cada dez brasileiros (29%) consideram que a
economia do país ainda não retomou o crescimento esperado e
que vai demorar para fazê-lo, enquanto outros 29% acreditam que o crescimento
será retomado em breve e 27% creem que o crescimento já foi retomado, mas de
forma lenta.
Além disso, seis em cada dez entrevistados (58%) disseram não sentir os
efeitos diretos da melhora da economia na sua vida desde o fim da recessão em
2017, enquanto 42% afirmaram sentir diferença em aspectos como preço de
produtos, juros, taxa de desemprego e renda – com aumento de 19 pontos
percentuais frente a sondagem do último ano.
No entanto, 46% acreditam que haverá uma retomada no
crescimento para o segundo semestre do ano, número próximo
aos 43% que creem em melhora nas finanças pessoais, especialmente motivados
pelo otimismo de que coisas boas estão por vir (68%) e por terem sido
bem-sucedidos na organização de seu orçamento (41%).
“Tecnicamente, o ciclo de recessão iniciado em 2014 no Brasil acabou no
final de 2016. Mas o país ainda não se recuperou de alguns dos efeitos da crise
e da retração na economia, e a sombra daquele período esteve afetando
diretamente o orçamento do brasileiro. Consequentemente, sua percepção
sobre o primeiro semestre de 2019 e suas expectativas em relação ao futuro”,
explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.
O levantamento também quis saber a opinião dos brasileiros sobre as
prioridades do governo para os próximos quatro anos. A geração
de empregos (68%), o combate à corrupção (63%) e a melhoria da educação pública
(55%) foram as preocupações mais destacadas pelas pessoas
ouvidas.
Metodologia
A pesquisa ouviu 800 consumidores de ambos os sexos, todas as classes
sociais e acima de 18 anos nas 27 capitais. A margem de erro é de 3,50 pontos
percentuais para um intervalo de confiança de 95%.
Fonte/Texto: CDL-Campos dos Goytacazes