Cartão de crédito
será principal conta em atraso paga com recursos do FGTS
Uma pesquisa da Confederação Nacional
de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)
mostra que a liberação dos saques das contas do FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço), que começam nesta sexta-feira, dia 13, deve contribuir para
que muitos inadimplentes regularizem o pagamento de suas contas em atraso.
Entre os beneficiários que pretendem resgatar o dinheiro, 38% têm a
intenção de quitar todas ou pelo menos parte de dívidas que estão pendentes —
isso significa que aproximadamente 9,7 milhões de brasileiros devem utilizar esse
dinheiro extra para ‘limpar o nome’ e, assim, voltarem ao mercado de crédito.
Já um terço
(33%) dos consumidores deve guardar ou investir os
recursos, ao passo que 24% vão direcionar o dinheiro para cobrir despesas
básicas do dia a dia e 17% realizar compras em supermercados. Há ainda 13% que
pretendem realizar compras de produtos e serviços e 10% antecipar pagamento de
compras que não estão em atraso como, prestações de casa, carro, crediário,
cartão de crédito etc.
Entre as principais dívidas que serão
pagas com o FGTS, o cartão de crédito figura como o mais
citado, com 42%. Depois aparecem as contas atrasadas de
telefone (20%), contas de luz (18%), água (16%), empréstimos bancários (16%) e
empréstimos com parentes ou amigos (16%).
Na avaliação do presidente do SPC
Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a liberação dos saques das contas ativas e
inativas do FGTS é uma medida importante para aquecer a economia, pois
estimulará tanto a recuperação de crédito quanto o consumo de bens. “Esse
dinheiro poderá ser utilizado nas obrigações mais urgentes do consumidor, como
limpar o nome ou para necessidades do dia a dia. Livre das dívidas, o
consumidor poderá retornar ao mercado de crédito, reaquecendo as vendas no
varejo. Para quem não está no vermelho, a principal dica é começar uma reserva
para imprevistos. Outra que pode ser válida, é aproveitar o dinheiro extra para
antecipar o pagamento de contas não atrasadas, caso haja algum desconto”,
analisa Pellizzaro Junior.
O FGTS é uma poupança compulsória à
qual tem direito todos os trabalhadores contratados pelo regime CLT, assim como
trabalhadores rurais. Mensalmente, o empregador deposita diretamente em nome do
trabalhador o equivalente a 8% do seu salário.
Em 2017, quando o Governo Federal
liberou os saques apenas das contas inativas, 57% dos beneficiários fizeram o
resgate, sendo que 18% usaram o dinheiro para contas do dia a dia, 16% no
pagamento de dívidas em atraso e 12% para realizar compras. Já 11%, guardam ou
pouparam o dinheiro extra.
45% dos beneficiários pretendem
resgatar saldo do FGTS; 42% dos trabalhadores com direito ao resgate possuem
dívidas de até R$ 1 mil
No geral, o levantamento aponta
que 45% dos trabalhadores que têm direito ao saque pretendem
retirar os recursos do FGTS assim que estiverem disponíveis na conta,
principalmente as mulheres (52%). Outros 43% não têm interesse de fazê-lo neste
momento, enquanto 12% ainda não decidiram.
Entre os que não pretendem sacar os
recursos do FGTS, 60% preferem deixar o dinheiro guardado no caso de
demissão, pois avaliam que essa quantia fará falta no futuro e
30% consideram o limite de R$ 500 muito baixo para o saque valer a pena. Há
ainda 19% de entrevistados que preferem deixar o dinheiro à espera da
aposentadoria e 6% que querem evitar a burocracia e as longas filas nas
agências bancárias para realizar a retirada.
“Embora pareça baixo, R$ 500 é
praticamente a metade de um salário mínimo e pode fazer a diferença para muitas
pessoas, principalmente, as de baixa renda. Para quem tem uma dívida maior,
esse dinheiro pode abater parte do valor do débito e contribuir em uma
renegociação com parcelas menores. Vale lembrar também que cada trabalhador
poderá sacar até R$ 500,00 de cada conta que possuir. Isso significa que, quem
é titular de duas contas no FGTS, por exemplo, poderá sacar até R$ 1.000,00, ou
seja, R$ 500,00 de cada uma”, esclarece Pellizzaro Junior.
Em média, 42% dos
beneficiários das contas do FGTS possuem dívidas que não superam R$ 1 mil,
mostra o estudo.
19% devem aderir ao
‘saque-aniversário’, que passa a valer em 2020. Para especialistas, quem aderir
precisa ter alternativa para reserva de emergência
Sobre outra medida anunciada pelo
Governo Federal, o chamado ‘saque-aniversário’, apenas 19%
pretendem aderir a nova modalidade, que começa a valer em abril
de 2020. A maioria (64%) manifesta a intenção de abrir mão da possibilidade de
sacar todos os anos uma parte do FGTS, optando por retirar esses recursos somente
em caso de demissão. Outros 17% estão indecisos.
Nessa modalidade, o trabalhador
poderá optar por resgatar, todos os anos, sempre no mês do seu aniversário, uma
parcela do seu fundo de garantia. O valor a ser resgatado anualmente vai
depender da quantia que cada pessoa tem no seu FGTS. Quem aderir a esse tipo de
resgate abre mão do direito de receber toda a quantia que possui no FGTS de uma
vez em caso de demissão. Nesse caso, terá direito apenas a 40% do valor
depositado, que é a multa paga pelo empregador. Além disso, o trabalhador terá
de aguardar dois anos para voltar ao modelo antigo, de saque apenas em caso de
rescisão.
“A adesão ao saque-aniversário deve
ser uma atitude bastante pensada, pois seus reflexos são de longo prazo na vida
do consumidor. O FGTS tem como principal objetivo fornecer uma segurança
financeira em situações como o desemprego ou caso ele queira financeira um
imóvel próprio. Então, se ele optar pelo resgate anual, deverá se preparar por
conta própria para ter uma reserva em situações emergenciais”, alerta o
educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.
Metodologia
A pesquisa foi feita com 800
consumidores de ambos os sexos, todas as classes sociais e acima de 18 anos em
12 capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre,
Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém, que
juntas somam aproximadamente 80% da população brasileira. A margem de erro é de
no máximo 3,4 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%.
Fonte/Texto: CDL-Campos dos
Goytacazes