Condições de mobilidade (73%) e
segurança pública (71%) também prejudicam o desempenho das empresas
Não importa o
tamanho da empresa, segmento de atuação ou localidade, fazer a sua empresa
crescer ou trabalhar pela manutenção de seus negócios é sempre um desafio na
realidade brasileira. Uma pesquisa feita pela CNDL (Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao C rédito) em
parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas) revela que 96% dos empresários brasileiros avaliam que a alta
carga tributária e a complexidade do sistema de
arrecadação representam uma barreira para o desenvolvimento de seus negócios. A
queixa se sobressai, principalmente, na tributação sobre a fabricação e venda
de produtos ou serviços, apontado por 53% da amostra como um empecilho.
Outros fatores
do chamado “Custo Brasil” também são criticados pelos empresários ouvidos no
estudo, como o excesso de burocracia para abrir, manter e fechar empresas e
também na contratação e dispensa de funcionários (49%). Já 44% veem os altos
juros como um empecilho para o crescimento de seus negócios e 41% reclamam do
alto custo para empregar devido à tributação da folha de pagamento. A
dificuldade para obter c rédito é mencionada por 21% da amostra.
A pesquisa,
que teve como objetivo identificar possíveis entraves para o crescimento das
empresas, integra o convênio Políticas Públicas 4.0 (PP 4.0), firmado entre o
Sistema CNDL e o Sebrae, e pretende coletar insumos para a proposição de
políticas públicas que contribuam para a melhoria do ambiente de negócios no
país e, consequentemente, apoiem o desenvolvimento do varejo.
“A alta taxa
de impostos diminui a lucratividade e dificulta a sobrevivência do negócio,
especialmente em seu início e durante a fase de consolidação. A burocracia
torna as empresas lentas e pouco competitivas, os juros excessivos inibem a
tomada de c rédito e os investimentos, e prejudicam diretamente a capacidade
produtiva”, observa o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL), José César da Costa.
Para maioria,
condições da infraestrutura, mobilidade e segurança pública, também são
barreiras para o crescimento das empresas
De acordo com
o estudo, 62% dos empresários também apontam que aspectos
relacionados à infraestrutura do país impactam
negativamente o crescimento da empresa, sendo as áreas mais mencionadas as
rodovias e estradas (30%), a conectividade a internet (22%), o sistema de
Correios (22%) e a qualidade da telefonia (20%).
Já as deficiências
na segurança pública são problema para os negócios na opinião de 71%,
em virtude do risco de assalto no entorno da loja ou empresa (59%), da falta de
iluminação adequada para o período noturno (27%) e da presença de moradores de
rua nas imediações do negócio (22%). A gestão empresarial também foi colocada
como um obstáculo para o crescimento da empresa, apontado por 88% dos
entrevistados. Nesse caso, as dificuldades passam pela contratação de mão de
obra qualificada (43%), a falta de dinheiro para comprar informações sobre o
mercado e clientes (26%), manter a motivação e produtividade dos funcionários
(24%) e a falta de tempo para fazer atividades operacionais e de gestão (23%).
Para 73%, a
mobilidade urbana, que se refere às condições para o deslocamento eficiente e
seguro de pedestres e motoristas nas cidades, também prejudica o crescimento
das empresas, principalmente pelas dificuldades de estacionamento (41%),
trânsito intenso (34%) e falta de pavimentação das ruas (29%).
A pesquisa
também investigou como a informalidade atrapalha o desenvolvimento das empresas
no país. Para 51% dos empresários entrevistados, o comércio informal interfere em
alguma medida nas vendas da sua empresa, sendo os maiores obstáculos o fato de
oferecerem os mesmos produtos ou similares, porém mais baratos por não pagarem
impostos (77%). Para 25%, o maior problema é a sensação de insegurança no
entorno das lojas, por muitas vezes estarem envolvidos com tráfico e
organizações criminosas, e 20% apontam os impedimentos no trânsito de pessoas
no entorno da loja em função da aglomeração de barracas nas calçadas.
59% dos empresários estão otimistas com ações do governo para aumentar
as vendas do varejo
O governo
federal adotou nos últimos meses medidas com o intuito de desburocratizar a
atividade empresarial, como por exemplo a MP da Liberdade Econômica, que traz
medidas de desburocratização e simplificação de processos para empresas e
empreendedores.
Diante de
medidas como essa, 59% dos empresários entrevistados estão
otimistas com a perspectiva do atual governo em adotar
medidas para aumentar as vendas do varejo até o final do mandato, enquanto 24%
estão em posição neutra e 16% se dizem pessimistas em algum grau.
Entre as
iniciativas que o governo poderia adotar no país para estimular o varejo, as
ações com maior potencial de impacto na avaliação dos empresários consultados
seriam a promoção de uma reforma tributária que reduza a carga de impostos e
simplifique o regime de tributação das empresas (81%) e o lançamento de linhas
de c rédito menos burocráticas com juros menores para empresas de pequeno porte
(78%). O fornecimento de consultorias gratuitas para micro, pequenas e médias
empresas (75%) e investimentos públicos na segurança pública para que os
consumidores circulem pelas regiões de comércio (75%) também são medidas
consideradas necessárias.
“As medidas
aprovadas recentemente pelo Congresso Nacional, como a Reforma da Previdência e
a MP da Liberdade Econômica mostram a abertura de um caminho para a redução dos
gastos com a máquina administrativa, a desburocratização e a simplificação do
sistema tributário. Nesse cenário, as ações estratégicas de estímulo ao setor
empresarial são cruciais”, afirma Costa.
Metodologia
A pesquisa
ouviu 601 Proprietários ou responsáveis pela gestão de empresas dos setores de
comércio varejista e serviço, situadas nos 27 estados brasileiros. Foram
consideradas empresas com pelo menos um funcionário.
Fonte/Texto: CDL-Campos dos Goytacazes