Resultado será divulgado em breve
O Geoparque Aspirante Costões e Lagunas do Rio de
Janeiro, que abrange faixas litorâneas de 13 municípios da Costa do Sol e de
três da Costa Doce, pode receber o título de Geoparque Mundial da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Na última
semana (22 a 26/07), dois geólogos da Unesco estiveram visitando os municípios
para conhecer os territórios. Os avaliadores Artur Sá, de Portugal, e Miguel
Cruz, do México, analisaram as condições que podem conceder o título ao conjunto
de atrativos naturais e culturais da região. O resultado final será divulgado
após Assembleia Geral da UNESCO, em data a ser definida.
“Ao longo da semana, apresentamos aos avaliadores a nossa
região, nossa gente, nossas riquezas culturais e naturais. Foi um momento
histórico. Essa visita, por si só, joga luz sobre a importância do nosso
território para a história, além de trazer outra perspectiva para o turismo e o
meio ambiente na região. Torcemos agora pelo selo da Unesco, de prestígio
internacional, que valoriza as boas práticas de gestão territorial, reconhece o
patrimônio existente e promove o desenvolvimento local”, comenta Marco Navega,
presidente do Condetur, entidade coordenadora da visita.
Passo a passo
O conselho gestor do geoparque enviou um dossiê à Unesco,
em novembro do ano passado, solicitando a inscrição para receber o selo. Em
março, a organização divulgou a lista anual com 18 locais, de 15 países, que
seriam avaliados pelos técnicos do órgão. Entre as candidaturas estava o
Brasil, com o Costões e Lagunas.
A região que foi avaliada na última semana tem ainda
sítios históricos que testemunharam o Descobrimento do Brasil, as primeiras
povoações brasileiras, a exploração do pau-brasil, a invasão francesa em Cabo
Frio e o Caminho dos Jesuítas. Na região foi registrada a passagem de
naturalistas como Charles Darwin, príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied e
Saint-Hilaire.
Para se tornar um Geoparque Mundial da Unesco, a área
deve cumprir quatro requisitos fundamentais: ser um patrimônio geológico de
valor internacional, com sítios arqueológicos avaliados por pesquisadores; ter
gerenciamento que inclua todos os atores, autoridades locais e regionais
relevantes; realizar trabalho em rede, com outros geoparques; e ter
visibilidade, com uma identidade corporativa e turismo voltado para as
paisagens, a conservação, as pessoas e à evolução da Terra. De acordo com
Navega, “é preciso que, ao menos 70% do material do dossiê enviado à Unesco
esteja de acordo com o que foi apresentado aos avaliadores para passarmos na
avaliação da Assembleia Geral”.
“Temos uma história muito antiga, geológica, de mais de
dois bilhões de anos, da colisão e da separação com o território da África, em
que um pedaço do continente africano ficou colado no nosso território. Temos
aqui estruturas como os estromatólitos, que são bioconstruções de pedra, feitas
por micro-organismos a partir de seu metabolismo. São as mais antigas
evidências de vida na Terra, que estão no sistema lagunar de Araruama e na
Lagoa Salgada, entre Campos dos Goytacazes e São João da Barra. Vem gente do
mundo inteiro estudar aqui. É motivo de orgulho para a população do Rio”,
explica a geóloga Kátia Mansur, que orienta os estudos na região.
Geoparque Costões e Lagunas
O Geoparque Costões e Lagunas surgiu em 2011 para
conservar vestígios arqueológicos e sítios de interesse histórico e cultural em
460 quilômetros de litoral, de norte a leste do estado. A região vai de Maricá
a São Francisco de Itabapoana, passando por Araruama, Armação dos Búzios,
Arraial do Cabo, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Carapebus, Casimiro de
Abreu, Iguaba Grande, Macaé, Maricá, Quissamã, Rio das Ostras, São João da
Barra, São Pedro da Aldeia e Saquarema. A gestão é feita por um comitê, com representantes
dos municípios, de órgãos públicos estaduais e federais e de ONGs,
universidades, empresários de vários ramos e da população em geral.
Fonte/Texto: Gracie Croce