Intervenções fazem parte dos esforços do governo municipal para recuperação e preservação do patrimônio aldeense
Após seis anos sem receber ações concretas, a
Casa da Flor em São Pedro da Aldeia vai passar por obras de conservação. As
intervenções integram os esforços do atual governo em prol da valorização do
patrimônio aldeense, além de atender a uma ação civil pública e às
recomendações técnicas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) – Região dos Lagos e do Instituto Estadual do Patrimônio
Cultural (Inepac), que já sinalizavam a urgência da execução de medidas
efetivas de conservação preventiva no monumento. Até a conclusão da obra, a
visitação à Casa da Flor será suspensa temporariamente.
Uma visita técnica ao patrimônio foi
realizada nesta semana com a presença de representantes da empresa
especializada, a Jequitibá Restauro, contratada
pela prefeitura para executar a obra, do escritório do Iphan Região dos Lagos e
da Secretaria Adjunta de Cultura do município. “É um momento muito especial estarmos, de fato, iniciando esse trabalho
tão importante de conservação e valorização desse patrimônio, que é um dos
bens culturais mais relevantes do país, sendo comparado à obra do arquiteto
catalão Antoni Gaudí. A Casa da Flor sempre foi uma grande preocupação desde o
início da nossa gestão e, mesmo antes de sabermos sobre a existência de uma
demanda judicial, nos mobilizamos em prol da causa, porque acreditamos na
importância dessa obra para a garantia da sobrevivência desse legado artístico
em longo prazo”, destacou o secretário adjunto de Cultura, Thiago
Marques.
Durante a visitação, os profissionais fizeram uma breve vistoria no espaço e conversaram sobre a logística de trabalho, as propostas de intervenção iniciais e as estratégias de monitoramento e manutenção continuada da Casa. Também foi discutida a operacionalização das etapas de execução do projeto de conservação, que vai envolver possíveis condutas de restauro, sob orientação técnica do Iphan, o diagnóstico e mapeamento gráfico de danos, ações de limpeza e higienização, remoção e combate a infestação de cupins e outros organismos, e, simultaneamente, o treinamento de dois servidores municipais para atuarem como conservadores permanentes da Casa da Flor.
As intervenções terão início na próxima
segunda-feira (12), com a execução do mapeamento
fotogramétrico, identificação dos agentes de degradação e de testes preliminares de solubilidade. “Vamos
começar, sobretudo, estancando os danos que estão avançando, especialmente as
infestações biológicas, e dar início à fase dos testes e a experimentação dos
materiais que vamos utilizar, sendo aprovados junto ao Iphan. Nós ficamos muito
felizes por saber que essa nova gestão resolveu assumir o compromisso de
restaurar a Casa da Flor. Para a gente será um grande desafio, pela
especificidade do trabalho, e por envolver também a questão da formação e de
passar o conhecimento empiricamente para os servidores do município darem
continuidade à conservação, mas acreditamos que todo o trabalho será muito
bem-sucedido”, comentou a restauradora e uma das sócias da empresa contratada,
Daniela Sergipense.
Investimento em preservação
A obra é resultado de um investimento municipal de R$ 135.345,20. O projeto vai envolver, ainda, a entrega de um Plano de Conservação Preventiva e Continuada para a Casa da Flor, ao final da obra, contemplando a elaboração de um caderno de orientações técnicas, em conjunto com o Iphan, que vai servir como um Manual de Conservação. Na Casa da Flor, a última obra de recuperação estrutural foi concluída em dezembro de 2014, capitaneada pelo Instituto Casa da Flor e pelo Iphan.
“Desde 2012, quando foi aberta a ação civil pública, nós batalhamos por ações conservativas na Casa da Flor. Hoje, com quase 10 anos decorridos, os danos avançaram muito. Se naquele momento já era urgente, hoje é fundamental que ela aconteça. Felizmente, chegamos em um momento em que todos estão mobilizados em função desse tema e de enxergar a importância dessa ação. Essa gestão, em 180 dias, contratou e já vai começar a obra. Em seis meses, a gente já está com a empresa aqui, já estabelecendo data de início”, ressaltou o arquiteto e urbanista do Iphan, Ivo Barreto.
Na ocasião, a comitiva foi recebida
por Valdevir dos Santos, sobrinho-neto de Gabriel Joaquim dos Santos,
criador da Casa da Flor. Depois da morte de Gabriel, em 1985, a Casa passou a
ser zelada por Valdevir. “Só tenho a comemorar por essa obra. Eu via as
coisas indo embora, se degradando com o tempo, e a esperança estava indo junto,
mas agora a nossa esperança cresce de novo. A Casa é uma obra de arte e
precisava dessas melhorias”, disse.
Desafio
Durante a visita, os profissionais destacaram o desafio em implementar ações de conservação rotineiras na Casa da Flor, mantendo a fidelidade às composições, respeitando suas características únicas e a enorme organicidade de sua ornamentação. “Estamos falando de um arranjo artístico único, que a gente não tem muita regra pré-estabelecida ou até pregressa de casos assemelhados. Aqui nós temos uma composição de mosaicos, uma obra revestida de milhares de partes e de vários elementos ornamentais, então estaremos o tempo inteiro dialogando com a restauração, mas sempre com atenção a todas as cautelas que o monumento exige”, pontuou Ivo.
Para dar suporte às ações de
conservação, os especialistas em restauro da empresa Jequitibá terão acesso ao
acervo iconográfico digitalizado e interativo do Iphan, que contém fotografias
de arquivo, documentos e a planta em três dimensões da Casa, obtida através da
tecnologia laser scanning. Todas as etapas de obra e as
definições dos limites de intervenção contarão com a supervisão do Iphan.
Também participaram da visitação o arquiteto e chefe do escritório do Iphan na Região dos Lagos, Felipe Borel, o arquiteto da empresa e responsável técnico pela obra, Leandro Campos, a sócia e restauradora da empresa, Leila Santos, a diretora municipal de Cultura, Giselle Lima, e os servidores municipais Marcio Alexandre Simas e Flávio Rangel.
Até o próximo domingo (11), a Casa da
Flor ainda estará aberta à visitação, das 10h às 12h e das 13h às 17h. O espaço
fica localizado na Estrada dos Passageiros, nº 232, no bairro Parque Estoril. A
partir da segunda-feira (12), o acesso será fechado para visitação
pública.
Fonte: Prefeitura de São Pedro da Aldeia-Assessoria de Comunicação
Texto: Raíra Morena